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Lançamento do Livro coletivo “Discussões Feministas sobre Pornografia”

Acaba de ser lançado um livro coletivo chamado “Discussões Feministas sobre Pornografia”, em que tive a honra de contribuir com um capítulo sobre as representações de travestis e mulheres trans na pornografia mainstream.

A coletânea reúne trabalhos das mais diversas áreas de conhecimento em torno das possibilidades metodológicas, analíticas, descritivas e políticas de se pensar a pornografia.

Meu capítulo se chama “O riso, o gozo e o não: a estereotipização de corpos trans em portais de compartilhamento de vídeos pornorgráficos e não pornográficos no Brasil”, e tem como objeto analisar os espaços ocupados por corpos trans femininos no Brasil a partir da tríade do (1) humor estereotipado, (2) dos índices de violência e (3) do grande apelo sexual que culmina em destaque na pornografia.

A estereotipização dos corpos trans femininos é bastante visível na nossa sociedade e nos meios de comunicação. E, mais que reduzir suas histórias, a reprodução dos estereótipos pejorativos contribui para o preconceito na medida em que, aliada à invisibilidade, reduz os espaços que esses corpos podem ocupar: suas vidas são encerradas diariamente em noticiários que descrevem as mais diversas violências; seus trejeitos e histórias viralizam e alimentam risadas; e seus corpos povoam o imaginário erótico das mesmas pessoas que violam suas vidas e fazem piada de suas existências.

Já falei sobre as representações desses corpos e o apelo humorístico que eles ganham no Youtube em outro trabalho, em parceria com o Ettore Stefani de Medeiros.

Dessa vez, retomo brevemente as reflexões que fizemos juntos e atravesso os índices de violência que são imprescindíveis para a contextualização da realidade da mulher trans (seus corpos e suas vivências) no patriarcado e na sociedade brasileira para me debruçar sobre a pornografia enquanto mercado e espaço de disputa.

Para o processo de escrita, eu analisei dados de algumas pesquisas que mostram o grande número de busca por termos que remetem à pornografia transexual divididos por faixa etária, gênero e localização geográfica dos usuários de alguns dos maiores portais de pornografia na tentativa de cruzar esses dados com os de violência e demonstrar como esses corpos são aceitos no espaço da fantasia e rejeitados (e mortos) quando ousam ocupar a realidade. Além disso, comparei os vídeos mais vistos com mulheres trans e mulheres cis durante um período de tempo para demonstrar como o corpo trans ocupa um espaço específico dentro do desejo e do imaginário sexual do homem cisgênero e heterossexual (maior parte da amostra dos usuários dos portais).

O livro foi lançado pela Editora Devires e já está disponível para venda no site da Queer Livros.


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